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Réu Primário: O que é e Implicações Legais Importantes

O termo “réu primário” é usado no poder judiciário para se referir aos indivíduos que estão enfrentando um processo criminal pela primeira vez, ou seja, aqueles que nunca foram condenados anteriormente por sentença transitada em julgado.

Essa denominação indica que é a primeira vez que a pessoa é acusada de praticar um delito e, portanto, ainda é considerada inocente até que se prove o contrário.

Conhecer o conceito de réu primário é fundamental para entender o funcionamento do nosso sistema jurídico, pois há benefícios e penas específicas que se aplicam a indivíduos nessa situação.

De acordo com o Código Penal, quem é réu primário pode obter tratamento diferenciado em julgamentos e até mesmo a redução de pena em alguns casos.

Essas medidas têm como objetivo garantir que os direitos fundamentais do indivíduo sejam respeitados e que o sistema prisional não seja sobrecarregado por punições excessivas ou desnecessárias.

Definição de Réu Primário

Conceito de Primariedade

O conceito de réu primário é usado no Direito Penal para se referir à pessoa que está enfrentando um processo criminal pela primeira vez, ou seja, não possui condenações anteriores. É importante lembrar que o réu primário pode ser categorizado em dois tipos: estritamente primários e tecnicamente primários.

Os réu estritamente primários são aqueles indivíduos que não possuem antecedentes criminais, e não são reincidentes, ou seja, nunca foram condenados por sentença transitada em julgado.

Já os réu tecnicamente primários são aqueles que, apesar de não serem reincidentes, possuem maus antecedentes, como histórico de investigações ou inquéritos policiais.

Distinção entre Réu Primário e Reincidente

  • Réu Primário: Não possui condenações anteriores, no entanto, pode ser classificado como estritamente primário ou tecnicamente primário, dependendo dos antecedentes.
  • Reincidente: Pessoa que já foi condenada por sentença transitada em julgado e cometeu novo crime, mostrando um comportamento reiterado no crime.

Ao analisar processos criminais, alguns fatores são analisados. Por exemplo, os benefícios previstos no artigo 63 do Código Penal estabelecem uma diferença no tratamento dos réus em função de sua primariedade ou reincidência:

  1. Réu primário pode ter redução da pena quando a culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do condenado indicam que a medida é suficiente para prevenir a reincidência.
  2. Reincidente possui maiores dificuldades em obter benefícios processuais, como a suspensão condicional da pena e livramento condicional, além de ter sua pena agravada.

De forma geral, entende-se que ser réu primário é uma condição mais favorável ao acusado, uma vez que demonstra que aquela é a primeira vez que ele enfrenta um processo criminal, e lhe permite acesso a uma série de benefícios processuais previstos em lei.

No entanto, é fundamental lembrar que o réu primário, caso seja condenado, passa a ter um antecedente criminal registrado, o que pode influenciar em futuros processos.

Procedimentos Legais e Julgamento

No sistema judiciário brasileiro, o termo “réu primário” se refere à pessoa que está enfrentando seu primeiro processo criminal e que não possui nenhum histórico anterior de infrações penais.

Neste contexto, é importante entender o papel dos diferentes profissionais envolvidos no processo penal e os procedimentos adotados durante o julgamento de um réu primário.

Papel do Advogado e Ministério Público

O advogado atua em defesa do réu, buscando a melhor solução para o caso e utilizando argumentos e estratégias específicas visando obter a absolvição ou uma pena mais branda, se possível. Além disso, o advogado pode ajudar a esclarecer as dúvidas do réu sobre o processo e a orientá-lo nas etapas seguintes.

Já o Ministério Público atua na acusação, sendo a instituição responsável por denunciar o réu e defender a aplicação da lei durante o processo penal. O promotor de justiça, representante do Ministério Público, deve produzir provas e argumentos que comprovem a culpa do réu perante o juiz.

Sentença e Trânsito em Julgado

Após a realização do julgamento, é proferida a sentença, que pode condenar ou absolver o réu. Nesse momento, o juiz analisa as provas e argumentos apresentados, considerando fatores como o inquérito policial e a acusação do Ministério Público. Caso o juiz decida pela condenação, a sentença definirá a pena aplicada, levando em conta as circunstâncias do crime e a situação do réu primário.

A sentença só será considerada transitada em julgado, ou seja, definitiva e sem possibilidade de recurso, após o esgotamento de todas as instâncias no processo penal. Somente com a sentença transitada em julgado o réu primário passa a ser considerado condenado por um crime.

Ao longo deste processo de julgamento, o tratamento dado a um réu primário costuma ser diferente de um réu reincidente. O fato de ser réu primário pode influenciar na decisão do juiz, propiciando benefícios como a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou até mesmo a suspensão condicional da pena. Além disso, a reincidência é agravante na dosimetria da pena, ou seja, aumenta a quantidade de pena aplicada em razão da reincidência.

Em resumo, ao longo do processo penal, o réu primário poderá usufruir de benefícios que um réu reincidente não teria, e contar com a atuação do advogado e do Ministério Público, visando a uma solução justa e adequada ao caso.

Penalidades e Benefícios

Penas Possíveis

A pena no contexto de um réu primário pode variar dependendo do crime cometido e as circunstâncias em que ocorreu. Geralmente, o réu primário pode enfrentar uma pena privativa de liberdade, que pode ser convertida em restritivas de direito, de acordo com o artigo 44 do Código Penal. Além disso, o tempo de retenção pode ser diminuído pela primeridade do réu (artigo 59 do Código Penal).

Em alguns casos, também pode ocorrer a possível substituição da pena de prisão por pagamento de multa ou serviços comunitários. No entanto, isso depende da gravidade do crime e do perfil do réu primário.

Benefícios do Réu Primário na Sentença

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Os réus primários, em muitos casos, podem ter direito a benefícios que réus reincidentes não têm. Esses benefícios estão relacionados à possibilidade de acordos com o Ministério Público, suspensão condicional do processo, redução de pena e outros. Algumas dessas possibilidades são:

  • Suspensão Condicional do Processo (sursis): Se o réu primário cumprir todas as condições estabelecidas pelo juiz durante o período determinado, o processo será extinto e ele não terá uma condenação registrada em seu nome.
  • Liberdade provisória com fiança: Réus primários têm maior chance de obter liberdade provisória mediante pagamento de fiança, em comparação com réus reincidentes.
  • Livramento Condicional: Réus primários com bom comportamento na prisão podem ter acesso ao livramento condicional antes de cumprir a totalidade da pena.
  • Redução da Pena: A pena pode ser diminuída de 1/6 a 2/3, conforme o artigo 33, §4 da Lei 11.343 (Lei de Drogas), desde que o réu possua bons antecedentes e não integre uma Organização Criminosa.

É importante salientar que a aplicação desses benefícios depende do caso específico e das circunstâncias envolvidas. O juiz levará em conta a gravidade do delito, os antecedentes do réu e outros fatores para decidir se concederá tais benefícios.

Portanto, estar como réu primário no processo penal não garante automaticamente a concessão desses benefícios, mas aumenta a probabilidade de obtê-los.

Questões Específicas e Casos Complexos

Crimes Hediondos e Graves

Em geral, um réu primário é aquele que não possui condenações anteriores e enfrenta seu primeiro processo criminal. No entanto, em casos de crimes considerados hediondos ou graves, como homicídio qualificado, crime doloso, crime hediondo, e lei de drogas, a situação do réu primário pode ser diferente.

Em alguns desses casos, como no crime hediondo, as garantias constitucionais são mais restritas, o que implica em regime fechado e outras medidas mais severas.

Outros exemplos de crimes graves incluem lesão corporal grave, tentativa de homicídio e envolvimento com facções criminosas.

Especialistas e Recursos Legais

Para enfrentar casos complexos, é altamente recomendado que o réu busque a ajuda de um advogado especialista em direito criminal para entender as implicações legais e possíveis consequências do crime.

Em alguns casos, o réu primário pode solicitar um habeas corpus e outros recursos, como comparecimento periódico em juízo e monitoração eletrônica, em vez de cumprir pena em regime fechado.

Se o crime for considerado como “simples”, o réu primário poderá, em muitos casos, responder em liberdade.

Além disso, a prestação de serviços comunitários e outros tipos de penas alternativas, como serviços à comunidade, podem ser aplicadas aos réus primários em casos menos graves.

No entanto, é fundamental contar com o apoio de um advogado especialista em direito criminal para avaliar as possibilidades e garantir que os direitos do réu sejam respeitados durante todo o processo.

Perguntas Frequentes

Quais são os benefícios ao ser considerado um réu primário?

Um réu primário é alguém que nunca foi condenado por sentença transitada em julgado.

Ele pode ter alguns benefícios no processo criminal, como penas mais brandas e maior possibilidade de liberdade provisória.

Qual é a duração provável da pena para um réu primário condenado por homicídio?

A duração da pena para um réu primário condenado por homicídio varia dependendo das circunstâncias do caso e da legislação brasileira vigente.

Geralmente, a pena para homicídio simples varia de 6 a 20 anos de reclusão, mas pode aumentar de acordo com agravantes ou qualificadoras presentes.

Como é calculado o cumprimento da pena para um réu primário no Brasil?

No Brasil, o cumprimento da pena para um réu primário segue o Código Penal e a Lei de Execução Penal.

As penas são cumpridas em regime fechado, semiaberto ou aberto, e a progressão de regime é determinada pelo tempo cumprido e pelo comportamento do detento.

Um réu primário tem direito a responder ao processo em liberdade?

Um réu primário tem, em geral, maior possibilidade de responder ao processo em liberdade, principalmente nos casos em que o crime cometido não envolve violência ou grave ameaça.

No entanto, a decisão de conceder ou não liberdade provisória fica a critério do juiz responsável pelo caso.

Qual é a repercussão na pena de um réu primário condenado por tráfico?

A pena para tráfico de drogas varia de 5 a 15 anos de reclusão.

No entanto, um réu primário pode ter a pena reduzida em até dois terços se não registrar antecedentes criminais, não participar de organização criminosa e não se dedicar a atividades ilícitas.

Como a qualificação de homicídio afeta a pena de um réu primário?

A qualificação de homicídio, como homicídio qualificado ou privilegiado, pode afetar a pena de um réu primário.

No caso de homicídio qualificado, a pena pode variar de 12 a 30 anos de reclusão.

Já no caso de homicídio privilegiado, a pena pode ser reduzida de um sexto a um terço.

Cada caso é único e a legislação brasileira deve ser aplicada conforme as circunstâncias envolvidas.

Autores

Dr. Eduardo Queiroz de Mello – Sócio Fundador – Advogado Criminalista

Eduardo Queiroz de Mello é um Advogado Criminalista com graduação em Direito pela UFMG e Pós-Graduação em Ciências Penais. Ele integrou listas tríplices para vagas de Juiz no Tribunal de Justiça Militar e Tribunal de Alçada de Minas Gerais, destinadas ao quinto constitucional da classe dos advogados. Além disso, foi membro do Conselho de Entorpecentes de Minas Gerais e assessor do Desembargador 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Sua experiência acadêmica inclui atuação como professor em diversas instituições, como a Universidade Federal de Minas Gerais, PUC Minas, Faculdade de Direito Milton Campos, Universidade FUMEC e Escola da Polícia Militar de Minas Gerais.

E mail queirozecantalice@gmail.com

Dr. Lucas Carvalho Cantalice – Advogado Criminalista

Lucas Carvalho Cantalice é um advogado criminalista e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica. Ele é sócio coordenador na banca Queiroz de Mello & Cantalice Associados, onde dedica-se exclusivamente a causas relacionadas ao Direito Penal. Possui uma sólida formação acadêmica, sendo pós-graduado em Direito Penal Econômico pela Universidade de Coimbra (Portugal), pós-graduado em Direito Penal Econômico pela PUC e pós-graduado em Ciências Criminais também pela PUC. Além disso, realizou um Curso de Extensão em Aspectos específicos da Lei 11.343/06.

E mail queirozecantalice@gmail.com

Dr. Igor Garcia Marques – Advogado Criminalista 

Igor Garcia Marques é um advogado criminalista formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Ele possui mestrado em Direito Processual também pela PUC, onde foi monitor nas disciplinas de Direito Processual, Teoria Geral do Processo e Direitos Humanos e Fundamentais. Sua trajetória acadêmica e experiência como monitor demonstram sua especialização e dedicação ao campo do Direito Processual.

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Sobre a Empresa

O permanente empenho na atualização profissional e acadêmica dos integrantes do escritório Queiroz de Mello & Cantalice conduziu este, nestes mais de 35 anos de experiência na advocacia criminal, ao reconhecimento merecido, tornando-o sinônimo de excelência, técnica e agilidade.

Queiroz de Mello e Cantalice é uma Sociedade de Advogados inscrita na OAB/MG sob o nº 11.303 e CNPJ: 42.601.424/0001-51

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